domingo, 19 de setembro de 2010

É.

"Quando se é capaz de lutar por animais, também se é capaz de lutar por crianças ou idosos. Não há bons ou maus combates, apenas o horror ao sofrimento aplicado aos mais fracos que não podem se defender." (Brigitte Bardot)

domingo, 12 de setembro de 2010

Criatividade...

“ Criatividade é a habilidade de enxergar novas possibilidades”(.autor desconhecido)
“O presente impõe formas. Sair dessa esfera e produzir outras formas constitui a criatividade”. (Hugo Von Hofmannsthal)
“A criatividade se tornou a qualidade mais desejada no mercado de trabalho. O que fazer para aumentar a sua?”( Revista Época)
“Criatividade é inventar, experimentar, crescer, correr riscos, quebrar regras, cometer erros e se divertir”( Mary Lou Cook)
“A desobediência é uma virtude necessária a criatividade”.( Raul Seixas.)

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Resiliência

Resiliência.Como uma palavra tão diferente pode ter um significado tão prático e um resultado tão poderoso?


Modismos à parte, resiliência passa a ser vista cada dia mais como um comportamento fundamental na vida de todo o ser humano que está disposto a experimentar um patamar superior em sua vida. Podemos entender isso simplesmente como melhorar de vida, padrão social, carro, casa, emprego, carreira e assim por diante, ou perceber o infinito de possibilidades que existem contidos nesse conceito. Afinal o que é resiliência?


Talvez um refrão musical que se tornou um ditado popular possa nos dar pistas importantes. Você com certeza se lembra destas palavras: "levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima". Falada e cantada nos ambientes mais variados, o grande compositor Paulo Vanzolini traduziu a essência desse comportamento. Resiliência é a arte de recomeçar a despeito dos desafios, insucessos ou adversidades. Para podermos ter uma dimensão de sua relevância, foi citada como uma das grandes capacidades que permitiria ao povo americano superar os desafios da crise de 2008. Durante o discurso de posse do presidente Barack Obama, ouvimos a seguinte afirmação: "Vamos superar os desafios, o povo americano é resiliente". Espero um dia poder dizer pessoalmente ao Obama que se o americano é resiliente, que palavra devemos usar para descrever o povo brasileiro? Quando disse isso recentemente em uma de minhas conferências corporativas, um engraçadinho disse brincando: acomodado, o brasileiro é acomodado. Contei até 10 e entrei na brincadeira: "Não sei onde você vive meu amigo, mas viajo os quatro cantos do país e vejo milhões de pessoas lutando todos os dias, para sobreviver, crescer, estudar seus filhos, construir seus negócios próprios mesmo com alto risco, trabalhar duro nas empresas, apesar de impostos injustos, educação muitas vezes precária, insegurança, corrupção, fraude, falta de reconhecimento e tantas outras coisas capazes de desanimar um ser humano".


"Você se julga acomodado ou resiliente?", perguntei a uma platéia de centenas de pessoas. Em coro ouvi a resposta: "resiliente". "Não sei aonde você vive meu amigo, mas se é isso que você tem observado na sua roda social, tome muito cuidado com quem tem influenciado você no seu dia-a-dia".


Não entre no automático

Meu voluntarioso colaborador respirou profundamente e chegou a esboçar um pedido de desculpas pela brincadeira."Não meu amigo, eu tenho que agradecer a você. Ou melhor, todos aqui têm que agradecer a você, pois é muito comum em nossas vidas esquecermos de escolher ser resiliente e entramos no automático. Se todo mundo reclama, eu também vou reclamar e por aí vai. Hoje todas essas pessoas puderam pensar, decidir e fazer e escolher ser resilientes. O resultado dessa decisão na vida delas poderá transformar pequenos revezes, em desafios, tristezas em aprendizado e derrotas temporárias em vitórias permanentes".


Inteligência do sucesso é a inteligência do resultado. É ser capaz de atingir seus objetivos. Raramente uma pessoa que não é resiliente tem sucesso. Mais que superar uma situação difícil e recomeçar, a resiliência traz em si o conceito da fé e esperança. Isso realmente dá a cada um de nós um poder fascinante e grandioso. Na próxima vez que você cair, terá aprendido que a queda faz parte do caminho daquele que busca realizar seus sonhos, objetivos e metas. A vitória pertence não aquele que nunca cai, mas sim aquele que nunca desiste de levantar.

SOBRE O AUTOR

Jô Furlan

Médico, professor e pesquisador na área de Neurociência do Comportamento. Autor do livro Inteligência do Sucesso : A nova inteligência que explica a ciência do sucesso.

ISSO É MUITA SABEDORIA

Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer.

Clarice Lispector

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Ah! O destino...

"O destino, como os dramaturgos, não anuncia as peripécias nem o desfecho."
MACHADO DE ASSIS

Para continuar sentindo...

"Fala a verdade, mesmo que ela esteja contra ti". (Alcorão)

Para sentir...

"É durante as fases de maior adversidade que surgem as grandes oportunidades de se fazer o bem a si mesmo e aos outros". (Dalai Lama)

domingo, 15 de agosto de 2010

Brisa do mar

Brisa do mar,
Confidente do meu coração
Me sinto capaz de uma nova ilusão
Que também passará,
Como ondas na beira de um cais
Juras, Promessas, Canções
Mas por onde andarás
Pra ser feliz não há uma lei
Não há, porém, sempre é bom
Viver a vida atento ao que diz
No fundo do peito o seu coração
E saber entender
Os segredos que ele ensinar
Mensagens sutis
Como a brisa do mar.



Chico Buarque

Mude

"Mude.
Mas comece devagar,
porque a direção é mais importante que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho, ande por outras ruas,
calmamente,
observando com atenção os lugares por onde você
passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os teus sapatos velhos. Procure andar descalço
alguns dias.
Tire uma tarde inteira pra passear livremente na
praia, ou no parque,
e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda.
Durma do outro lado da cama...
depois, procure dormir em outras camas.
Assista a outros programas de TV, compre outros
jornais... leia outros livros.
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde. Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes,
novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia,
o novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo
jeito, o novo prazer, o novo amor, a nova vida.
Tente.
Busque novos amigos.
Tente novos amores.
Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes,
tome outro tipo de bebida, compre pão em outra
padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete,
outro creme dental...
tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores
Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas,
troque de carro, compre novos óculos, escrevas outras
poesias.
Jogue fora os velhos relógios,
quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros
teatros, visite novos museus.
Mude.
Lembre-se que a vida é uma só.
E pense seriamente em arrumar um novo emprego,
uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais
prazeroso,
mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre,
invente-as.
Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa,
longa,
se possível sem destino.
Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores
e coisas piores do que as já conhecidas.
Mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o
dinamismo, a energia.
Só o que está morto não muda!"

Pedro Bial

O que você pode fazer para mudar o mundo:

Comece mudando a si mesmo.

Ninguém muda o mundo se não consegue mudar a si mesmo

Cuide da Saúde do Planeta.

Não desperdice água, não jogue lixo no lugar errado, não maltrate os animais ou desmate as árvores.

Por mais que você não queira, se nascemos no mesmo planeta, compartilhamos com ele os mesmos efeitos e conseqüências de sua exploração

Seja responsável: não culpe os outros pelos seus problemas, não seja oportunista, não seja vingativo.

Quem tem um pouquinho de bom senso percebe que podemos viver em harmonia, respeitando direitos e deveres

Acredite em um mundo melhor.

Coragem, Honestidade, Sinceridade, Fé, Esperança são virtudes gratuitas que dependem de seu esforço e comprometimento com sua Honra e Caráter.

Não espere recompensas por estas virtudes, tenha-as por consciência de seu papel neste processo

Tenha Humildade, faça o Bem, trabalhe.

Não tenha medo de errar, com humildade se aprende, fazer o bem atrairá o bem para você mesmo e trabalhando valorizarás o suor de teu esforço para alcançar seus objetivos

Busque a Verdade, a Perfeição, uma posição realista frente aos obstáculos, uma atitude positiva diante da vida

Defenda, participe, integre-se à luta pacífica pela Justiça, Paz e Amor.

Um mundo justo é pacífico, e onde há paz pode-se estar preparado para viver um grande Amor


Autor Desconhecido

Charles Chaplin.

“A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara pra faculdade. Você vai pro colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando….E termina tudo com um ótimo orgasmo!!! Não seria perfeito?”

A águia que (quase) virou galinha

A idéia desta história não é minha. Meu é só o jeito de contar... sobre uma águia que foi criada no galinheiro, e foi aprendendo sobre o jeito galináceo de ser, de pensar, de ciscar a terra, de comer milho, de dormir em poleiros... E na medida em que aprendia, ia esquecendo as poucas lembranças que lhe restavam do passado. É sempre assim: todo aprendizado exige um esquecimento... E ela desaprendeu
o cume das montanhas...os vôos das nuvens...
o friodas alturas...
a vista se perdendo no horizonte...

o delicioso sentimento
de dignidade e liberdade...

Como não havia ninguém que lhe falasse dessas coisas, e todas as galinhas cacarejassem os mesmos catecismos, ela acabou por acreditar que ela não passava de uma galinha com perturbação hormonal. Tudo grande demais, aquele bico curvo, sinal certo de acromegalia, e desejava muito que o seu cocô tivesse o mesmo cheiro certo do cocô de galinhas... Um dia apareceu por lá um homem que viveu nas montanhas e que vira o vôo orgulhoso das águias: "Que é que você faz aqui?"- ele perguntou."Este é o meu lugar."-respondeu ela. "Todo mundo sabe que galinhas vivem em galinheiros, comem milho, ciscam o chão, botam ovos e finalmente viram canja: nada se perde, utilidade total..." "Mas você não é uma galinha!"- disse ele. "É uma águia!" "De jeito nenhum! A águia voa alto. Eu nem sequer voar sei! Pra dizer a verdade, nem quero. A altura me dá vertigens. É mais seguro ir andando,
passo a passo..." E não houve argumento que mudasse a cabeça da águia esquecida. Até que o homem, não agüentando mais ver aquela coisa triste- uma águia transformada em galinha - agarrou a águia à força, a levou até o alto de uma montanha. A pobre águia começou a cacarejar de terror, mas o homem não teve compaixão, jogou-a no vazio do abismo. Foi então que o pavor, misturado a memórias que ainda moravam em seu corpo, fez as asas baterem, a princípio em pânico, mas pouco a pouco com tranqüila dignidade, até se abrirem confiantes, reconhecendo aquele espaço imenso que lhe fora roubado. E ela finalmente compreendeu que seu nome não era galinha, mas águia.


(Lembra Leonardo Boff)

"VIVA A VIDA"

A vida é uma oportunidade, aproveite-a
A vida é beleza, admire-a
A vida é felicidade, deguste-a
A vida é um sonho, torne-realidade
A vida é um desafio, enfrente-o
A vida é um dever, cumpra-o
A vida é um jogo, jogue-o
A vida é preciosa, cuide dela
A vida é uma riqueza, conserve-a
A vida é amor, goze-o
A vida é um mistério, descubra-o
A vida é promessa, cumpra-a
A vida é tristeza, supere-a
A vida é um hino, cante-o
A vida é uma luta, aceite-a
A vida é uma aventura, arrisque-a
A vida é felicidade, mereça-a
A vida é vida, defende-a

(Madre Teresa)

REFLEXÕES PARA A VIDA

Não destrua seus valores comparando-se com outras
pessoas. É por sermos diferentes uns dos outros que cada
um de nós é especial. Não estabeleça seus objetivos por
aquilo que os outros consideram importante. Só você
sabe o que é melhor para você. Não considere como
garantidas as coisas que estão mais perto de seu coração.
Dê atenção a elas como à sua vida, pois sem elas a
vida não tem sentido. Não deixe sua vida escorregar
pelos dedos, vivendo no passado ou só voltado para
o futuro. Não desista enquanto você tiver algo para dar.
Uma coisa só termina realmente no momento em que
você deixa de tentar. Não tenha medo de admitir que
você é "menos que perfeito". É esse tênue fio que
nos liga uns aos outros. Não tenha medo de correr
riscos. É aproveitando as oportunidades que nós
aprendemos a ser valentes. Não exclua o amor de sua
vida dizendo que ele é impossível de encontrar. A maneira
mais rápida de perder o amor é agarrar-se demais a ele,
e a melhor maneira de conservar o amor é dar-lhe
asas. Não despreze seus sonhos. Viver sem sonhos
é viver sem esperança. Viver sem esperança é viver
sem objetivo. Não corra pela vida muito depressa. A
pressa pode fazê-lo esquecer não só onde você esteve,
mas também para onde você vai. A Vida não é uma
competição, mas uma jornada, e cada passo
do caminho deve ser saboreado.

AS PALAVRAS

(José Saramago)

As palavras são boas. As palavras são más. As
palavras ofendem. As palavras pedem desculpas.
As palavras queimam. As palavras acariciam.
As palavras são dadas, trocadas, oferecidas,
vendidas e inventadas. As palavras estão ausentes.
Algumas palavras sugam-nos, não nos largam...
As palavras aconselham, sugerem, insinuam,
ordenam, impõem, segregam, eliminam. São melífluas
ou azedas. O mundo gira sobre palavras lubrificadas
com óleo de paciência. Os cérebros estão cheios
de palavras que vivem em boa paz com as suas
contrárias e inimigas. Por isso as pessoas fazem o
contrário do que pensam, julgando pensar o
que fazem. Há muitas palavras. E há os
discursos, que são palavras encostadas
umas às outras, em equilíbrio instável graças
a uma precária sintaxe, até ao prego final do
Disse ou Tenho dito. Com discursos se comemora,
se inaugura, se abrem e fecham sessões, se
lançam cortinas de fumo ou dispõem bambinelas
de veludo. São brindes, orações, palestras e
conferências. Pelos discursos se transmitem
louvores, agradecimentos, programas e fantasias. E
depois as palavras dos discursos aparecem deitadas
em papéis, são pintadas de tinta de impressão - e por
essa via entram na imortalidade do Verbo. E as palavras
escorrem tão fluidas como o
"precioso líquido". Escorrem interminavelmente,
alagam o chão, sobem aos joelhos,
chegam à cintura, aos ombros, ao pescoço.
É o dilúvio universal, um coro desafinado
que jorra de milhões de bocas. A terra segue o seu
caminho envolta num clamor de loucos, aos gritos,
aos uivos, envoltos também num murmúrio manso,
represo e conciliador... E tudo isso atordoa as estrelas
e perturba as comunicações, como as tempestades
solares. Porque as palavras deixaram de comunicar.
Cada palavra é dita para que se não ouça outra
palavra. A palavra, mesmo quando não afirma,
afirma-se. A palavra não responde nem pergunta:
amassa. A palavra é a erva fresca e verde
que cobre os dentes do pântano. A palavra é poeira
nos olhos e olhos furados. A palavra não mostra.
A palavra disfarça. Daí que seja urgente moldar
as palavras para que a sementeira se mude em
seara. Daí que as palavras sejam instrumento
de morte - ou de salvação. Daí que a palavra só valha
o que valer o silêncio do ato. Há também o silêncio.
O silêncio, por definição, é o que não se ouve.
O silêncio escuta, examina, observa, pesa e analisa.
O silêncio é fecundo. O silêncio é a terra negra e fértil,
o húmus do ser, a melodia calada sob a luz solar.
Caem sobre ele as palavras. Todas as palavras.
As palavras boas e as más. O trigo e o joio.
Mas só o trigo dá pão.

Espelho

Quando o outro não faz é preguiçoso.
Quando você não faz... Está muito ocupado.
Quando o outro fala é intrigante.
Quando você fala... É critica construtiva.
Quando o outro se decide a favor de um ponto, é "cabeça dura".
Quando você o faz... Está sendo firme.
Quando o outro não cumprimenta, é mascarado.
Quando você passa sem cumprimentar... É apenas distração.
Quando o outro fala sobre si mesmo, é egoísta.
Quando você fala... É porque precisa desabafar.
Quando o outro se esforça para ser agradável, tem uma segunda intenção.
Quando você age assim... É gentil.
Quando o outro encara os dois lados do problema, está sendo fraco.
Quando você o faz... Está sendo compreensivo.
Quando o outro faz alguma coisa sem ordem, está se excedendo.
Quando você faz... É iniciativa.
Quando o outro progride, teve oportunidade.
Quando você progride... É fruto de muito trabalho.
Quando o outro luta por seus direitos, é teimoso.
Quando você o faz... É prova de carácter.
Quando faz um texto como estes e dá aos amigos, é porque gosta dos amigos.
Quando o outro faz... É um desocupado :-)

Clarice Lispector

"Eu vou me acumulando, me acumulando, me acumulando - até que não caibo em mim e estouro em palavras." (Clarice Lispector)

José Saramago

Cada dia traz sua alegria e sua pena, e também sua lição proveitosa

José Saramago

Poesia Felicidade Fernando Pessoa

Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!

Fernando Pessoa

O poema que Maiakovski não escreveu

“Na primeira noite eles se aproximam / roubam uma flor / do nosso jardim./ E não dizemos nada./ Na segunda noite, já não se escondem : / pisam as flores, / matam nosso cão, / e não dizemos nada./ Até que um dia / o mais frágil deles / entra sozinho em nossa casa, / rouba-nos a luz, e, / conhecendo o nosso medo / arranca-nos a voz da garganta./ E já não dizemos nada.”

Um poeta brasileiro, autor destes versos, tem sido confundido, com freqüência, nas quatro últimas décadas, com o poeta russo Wladimir Maiakovski. Os equívocos cometidos, as leituras apressadas, uma provável desatenção e, até mesmo, certo descaso com a produção poética brasileira contemporânea, já produziram interpretações impensadas e informações à beira de um ataque de sandice no meio cultural brasileiro. Comentários e artigos de algumas personalidades, de gente ilustrada e lida, têm reanimado a confusão e perpetuado um erro, no mínimo, culpado por uma séria injustiça que desvaloriza um dos grandes nomes da poesia brasileira particularmente criada na segunda metade do século 20. O poeta em questão o fluminense Eduardo Alves da Costa, nascido em Niterói (RJ) e, paulistanizado desde os anos 60, reconhecidamente um dos mais expressivos poetas de São Paulo, cidade cuja produção poética é rica também por contar, em sua geração, com nomes da grandeza de um Álvaro Alves de Faria, Alberto Beuttenmuller, Eunice Arruda, Renata Pallotini, Cláudio Willer, Jaa Torrano, Érico Max Muller, Roberto Piva, entre outros. Confundem o seu nome com o de Maiakovski por causa da publicação do seu poema, justamente intitulado “No caminho, com Maiakovski”, incluído originalmente no seu livro O TOCADOR DE ATABAQUE, lançado em São Paulo no ano de 1969.

A Editora Nova Fronteira, do Rio de Janeiro, ao publicar a poesia reunida de Eduardo Alves da Costa, em 1985, com o título geral NO CAMINHO, COM MAIAKOVSKI, transcreveu os versos iniciais (que é a única parte conhecida do poema) com esta nota explicativa :

“A autoria deste poema tem sido atribuída, por equívoco, ao poeta russo Vladimir Maiakovski. O poema foi escrito por Eduardo Alves da Costa, em 1964.”

Mas, assim mesmo, os equívocos continuaram e continuam, nos dias de hoje, por este Brasil desmemoriado afora.

É preciso que se reconheça a importância de Eduardo Alves da Costa como um dos grandes nomes da poesia brasileira do século 20. E isso não apenas por ombrear-se ao gigante russo Maiakovski, caminhando ao seu lado e lhe ditando, com o sangue dos seus versos candentes, a alma mestiça da América brasileira pulsando ritmada o seu discursivo e belo poema citado, e, sim, também, pela notável criação plena de verdade e consciência crítica dos seus poemas, a exemplo de “O tocador de atabaque”, “A rosa de asfalto”, “A cama de pregos”, “Ouço ruído de tambores”, “Tentativa para salvar a poesia”, “Canção para o meu tempo”, “Sugestões para elaboração de um novo mural na ONU”, “Banana split”, “Tropas”, “Nova presença no mundo” e “Na terra dos brucutus”, entre outros, todos (imperdíveis e leitura obrigatória para quem se sente brasileiro e latino-americano) publicados no seu livro NO CAMINHO, COM MAIAKOVSKI.

(JUAREIZ CORREYA)

Respeito é o melhor caminho! Saiba tudo sobre assédio moral

O que é assédio moral?
Assédio moral ou violência moral no trabalho não é um fenômeno novo. Pode-se dizer que ele é tão antigo quanto o trabalho.

A novidade reside na intensificação, gravidade, amplitude e banalização do fenômeno e na abordagem que tenta estabelecer o nexo-causal com a organização do trabalho e tratá-lo como não inerente ao trabalho. A reflexão e o debate sobre o tema são recentes no Brasil, tendo ganhado força após a divulgação da pesquisa brasileira realizada por Dra. Margarida Barreto. Tema da sua dissertação de Mestrado em Psicologia Social, foi defendida em 22 de maio de 2000 na PUC/ SP, sob o título "Uma jornada de humilhações".

A primeira matéria sobre a pesquisa brasileira saiu na Folha de São Paulo, no dia 25 de novembro de 2000, na coluna de Mônica Bérgamo. Desde então o tema tem tido presença constante nos jornais, revistas, rádio e televisão, em todo país. O assunto vem sendo discutido amplamente pela sociedade, em particular no movimento sindical e no âmbito do legislativo.

Em agosto do mesmo ano, foi publicado no Brasil o livro de Marie France Hirigoyen "Harcèlement Moral: la violence perverse au quotidien". O livro foi traduzido pela Editora Bertrand Brasil, com o título Assédio moral: a violência perversa no cotidiano.

Atualmente existem mais de 80 projetos de lei em diferentes municípios do país. Vários projetos já foram aprovados e, entre eles, destacamos: São Paulo, Natal, Guarulhos, Iracemápolis, Bauru, Jaboticabal, Cascavel, Sidrolândia, Reserva do Iguaçu, Guararema, Campinas, entre outros. No âmbito estadual, o Rio de Janeiro, que, desde maio de 2002, condena esta prática. Existem projetos em tramitação nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Paraná, Bahia, entre outros. No âmbito federal, há propostas de alteração do Código Penal e outros projetos de lei.

O que é humilhação?

Conceito: É um sentimento de ser ofendido/a, menosprezado/a, rebaixado/a, inferiorizado/a, submetido/a, vexado/a, constrangido/a e ultrajado/a pelo outro/a. É sentir-se um ninguém, sem valor, inútil. Magoado/a, revoltado/a, perturbado/a, mortificado/a, traído/a, envergonhado/a, indignado/a e com raiva. A humilhação causa dor, tristeza e sofrimento.

E o que é assédio moral no trabalho?
É a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego.

Caracteriza-se pela degradação deliberada das condições de trabalho em que prevalecem atitudes e condutas negativas dos chefes em relação a seus subordinados, constituindo uma experiência subjetiva que acarreta prejuízos práticos e emocionais para o trabalhador e a organização. A vítima escolhida é isolada do grupo sem explicações, passando a ser hostilizada, ridicularizada, inferiorizada, culpabilizada e desacreditada diante dos pares. Estes, por medo do desemprego e a vergonha de serem também humilhados associado ao estímulo constante à competitividade, rompem os laços afetivos com a vítima e, freqüentemente, reproduzem e reatualizam ações e atos do agressor no ambiente de trabalho, instaurando o ’pacto da tolerância e do silêncio’ no coletivo, enquanto a vitima vai gradativamente se desestabilizando e fragilizando, ’perdendo’ sua auto-estima.

Em resumo: um ato isolado de humilhação não é assédio moral. Este, pressupõe:

1.repetição sistemática
2.intencionalidade (forçar o outro a abrir mão do emprego)
3.direcionalidade (uma pessoa do grupo é escolhida como bode expiatório)
4.temporalidade (durante a jornada, por dias e meses)
5.degradação deliberada das condições de trabalho
Entretanto, quer seja um ato ou a repetição deste ato, devemos combater firmemente por constituir uma violência psicológica, causando danos à saúde física e mental, não somente daquele que é excluído, mas de todo o coletivo que testemunha esses atos.

O desabrochar do individualismo reafirma o perfil do ’novo’ trabalhador: ’autônomo, flexível’, capaz, competitivo, criativo, agressivo, qualificado e empregável. Estas habilidades o qualificam para a demanda do mercado que procura a excelência e saúde perfeita. Estar ’apto’ significa responsabilizar os trabalhadores pela formação/qualificação e culpabilizá-los pelo desemprego, aumento da pobreza urbana e miséria, desfocando a realidade e impondo aos trabalhadores um sofrimento perverso.

A humilhação repetitiva e de longa duração interfere na vida do trabalhador e trabalhadora de modo direto, comprometendo sua identidade, dignidade e relações afetivas e sociais, ocasionando graves danos à saúde física e mental*, que podem evoluir para a incapacidade laborativa, desemprego ou mesmo a morte, constituindo um risco invisível, porém concreto, nas relações e condições de trabalho.

A violência moral no trabalho constitui um fenômeno internacional segundo levantamento recente da Organização Internacional do Trabalho (OIT) com diversos paises desenvolvidos. A pesquisa aponta para distúrbios da saúde mental relacionado com as condições de trabalho em países como Finlândia, Alemanha, Reino Unido, Polônia e Estados Unidos. As perspectivas são sombrias para as duas próximas décadas, pois segundo a OIT e Organização Mundial da Saúde, estas serão as décadas do ’mal estar na globalização", onde predominará depressões, angustias e outros danos psíquicos, relacionados com as novas políticas de gestão na organização de trabalho e que estão vinculadas as políticas neoliberais.

(*) ver texto da OIT sobre o assunto no link: http://www.ilo.org/public/spanish/bureau/inf/pr/2000/37.htm

Fonte: BARRETO, M. Uma jornada de humilhações. São Paulo: Fapesp; PUC, 2000.


Fases da humilhação no trabalho
A humilhação no trabalho envolve os fenômenos vertical e horizontal.

O fenômeno vertical se caracteriza por relações autoritárias, desumanas e aéticas, onde predomina os desmandos, a manipulação do medo, a competitividade, os programas de qualidade total associado a produtividade. Com a reestruturação e reorganização do trabalho, novas características foram incorporadas à função: qualificação, polifuncionalidade, visão sistêmica do processo produtivo, rotação das tarefas, autonomia e ’flexibilização’. Exige-se dos trabalhadores/as maior escolaridade, competência, eficiência, espírito competitivo, criatividade, qualificação, responsabilidade pela manutenção do seu próprio emprego (empregabilidade) visando produzir mais a baixo custo.

A ’flexibilização’ inclui a agilidade das empresas diante do mercado, agora globalizado, sem perder os conteúdos tradicionais e as regras das relações industriais. Se para os empresários competir significa ’dobrar-se elegantemente’ ante as flutuações do mercado, com os trabalhadores não acontece o mesmo, pois são obrigados a adaptar-se e aceitar as constantes mudanças e novas exigências das políticas competitivas dos empregadores no mercado global.

A "flexibilização", que na prática significa desregulamentação para os trabalhadores/as, envolve a precarização, eliminação de postos de trabalho e de direitos duramente conquistados, assimetria no contrato de trabalho, revisão permanente dos salários em função da conjuntura, imposição de baixos salários, jornadas prolongadas, trabalhar mais com menos pessoas, terceirização dos riscos, eclosão de novas doenças, mortes, desemprego massivo, informalidade, bicos e sub-empregos, dessindicalização, aumento da pobreza urbana e viver com incertezas. A ordem hegemônica do neoliberalismo abarca reestruturação produtiva, privatização acelerada, estado mínimo, políticas fiscais etc. que sustentam o abuso de poder e manipulação do medo, revelando a degradação deliberada das condições de trabalho.

O fenômeno horizontal está relacionado à pressão para produzir com qualidade e baixo custo. O medo de perder o emprego e não voltar ao mercado formal favorece a submissão e fortalecimento da tirania. O enraizamento e disseminação do medo no ambiente de trabalho, reforça atos individualistas, tolerância aos desmandos e práticas autoritárias no interior das empresas que sustentam a ’cultura do contentamento geral’. Enquanto os adoecidos ocultam a doença e trabalham com dores e sofrimentos, os sadios que não apresentam dificuldades produtivas, mas que ’carregam’ a incerteza de vir a tê-las, mimetizam o discurso das chefias e passam a discriminar os ’improdutivos’, humilhando-os.

A competição sistemática entre os trabalhadores incentivada pela empresa, provoca comportamentos agressivos e de indiferença ao sofrimento do outro. A exploração de mulheres e homens no trabalho explicita a excessiva freqüência de violência vivida no mundo do trabalho. A globalização da economia provoca, ela mesma, na sociedade uma deriva feita de exclusão, de desigualdades e de injustiças, que sustenta, por sua vez, um clima repleto de agressividades, não somente no mundo do trabalho, mas socialmente. Este fenômeno se caracteriza por algumas variáveis:

•Internalização, reprodução, reatualização e disseminação das práticas agressivas nas relações entre os pares, gerando indiferença ao sofrimento do outro e naturalização dos desmandos dos chefes.
•Dificuldade para enfrentar as agressões da organização do trabalho e interagir em equipe.
•Rompimento dos laços afetivos entre os pares, relações afetivas frias e endurecidas, aumento do individualismo e instauração do ’pacto do silêncio’ no coletivo.
•Comprometimento da saúde, da identidade e dignidade, podendo culminar em morte.
•Sentimento de inutilidade e coisificação. Descontentamento e falta de prazer no trabalho.
•Aumento do absenteísmo, diminuição da produtividade.
•Demissão forçada e desemprego.
A organização e condições de trabalho, assim como as relações entre os trabalhadores condicionam em grande parte a qualidade da vida. O que acontece dentro das empresas é, fundamental para a democracia e os direitos humanos. Portanto, lutar contra o assédio moral no trabalho é estar contribuindo com o exercício concreto e pessoal de todas as liberdades fundamentais. É sempre positivo que associações, sindicatos, coletivos e pessoas sensibilizadas individualmente intervenham para ajudar as vítimas e para alertar sobre os danos a saúde deste tipo de assédio.



Estratégias do agressor
•Escolher a vítima e isolar do grupo.
•Impedir de se expressar e não explicar o porquê.
•Fragilizar, ridicularizar, inferiorizar, menosprezar em frente aos pares.
•Culpabilizar/responsabilizar publicamente, podendo os comentários de sua incapacidade invadir, inclusive, o espaço familiar.
•Desestabilizar emocional e profissionalmente. A vítima gradativamente vai perdendo simultaneamente sua autoconfiança e o interesse pelo trabalho.
•Destruir a vítima (desencadeamento ou agravamento de doenças pré-existentes). A destruição da vítima engloba vigilância acentuada e constante. A vítima se isola da família e amigos, passando muitas vezes a usar drogas, principalmente o álcool.
•Livrar-se da vítima que são forçados/as a pedir demissão ou são demitidos/as, freqüentemente, por insubordinação.
•Impor ao coletivo sua autoridade para aumentar a produtividade.
A explicitação do assédio moral:
Gestos, condutas abusivas e constrangedoras, humilhar repetidamente, inferiorizar, amedrontar, menosprezar ou desprezar, ironizar, difamar, ridicularizar, risinhos, suspiros, piadas jocosas relacionadas ao sexo, ser indiferente à presença do/a outro/a, estigmatizar os/as adoecidos/as pelo e para o trabalho, colocá-los/as em situações vexatórias, falar baixinho acerca da pessoa, olhar e não ver ou ignorar sua presença, rir daquele/a que apresenta dificuldades, não cumprimentar, sugerir que peçam demissão, dar tarefas sem sentido ou que jamais serão utilizadas ou mesmo irão para o lixo, dar tarefas através de terceiros ou colocar em sua mesa sem avisar, controlar o tempo de idas ao banheiro, tornar público algo íntimo do/a subordinado/a, não explicar a causa da perseguição, difamar, ridicularizar.

As manifestações do assédio segundo o sexo:
Com as mulheres: os controles são diversificados e visam intimidar, submeter, proibir a fala, interditar a fisiologia, controlando tempo e freqüência de permanência nos banheiros. Relaciona atestados médicos e faltas a suspensão de cestas básicas ou promoções.

Com os homens: atingem a virilidade, preferencialmente.


Frases discriminatórias freqüentemente utilizadas pelo agressor
•Você é mesmo difícil... Não consegue aprender as coisas mais simples! Até uma criança faz isso... e só você não consegue!
•É melhor você desistir! É muito difícil e isso é pra quem tem garra!! Não é para gente como você!
•Não quer trabalhar... fique em casa! Lugar de doente é em casa! Quer ficar folgando... descansando.... de férias pra dormir até mais tarde....
•A empresa não é lugar para doente. Aqui você só atrapalha!
•Se você não quer trabalhar... por que não dá o lugar pra outro?
•Teu filho vai colocar comida em sua casa? Não pode sair! Escolha: ou trabalho ou toma conta do filho!
•Lugar de doente é no hospital... Aqui é pra trabalhar.
•Ou você trabalha ou você vai a médico. É pegar ou largar... não preciso de funcionário indeciso como você!
•Pessoas como você... Está cheio aí fora!
•Você é mole... frouxo... Se você não tem capacidade para trabalhar... Então porque não fica em casa? Vá pra casa lavar roupa!
•Não posso ficar com você! A empresa precisa de quem dá produção! E você só atrapalha!
•Reconheço que foi acidente... mas você tem de continuar trabalhando! Você não pode ir a médico! O que interessa é a produção!
•É melhor você pedir demissão... Você está doente... está indo muito a médicos!
•Para que você foi a médico? Que frescura é essa? Tá com frescura? Se quiser ir pra casa de dia... tem de trabalhar à noite!
•Se não pode pegar peso... dizem piadinhas "Ah... tá muito bom para você! Trabalhar até às duas e ir para casa. Eu também quero essa doença!"
•Não existe lugar aqui pra quem não quer trabalhar!
•Se você ficar pedindo saída eu vou ter de transferir você de empresa... de posto de trabalho... de horário...
•Seu trabalho é ótimo, maravilhoso... mas a empresa neste momento não precisa de você!
•Como você pode ter um currículo tão extenso e não consegue fazer essa coisa tão simples?
•Você me enganou com seu currículo... Não sabe fazer metade do que colocou no papel.
•Vou ter de arranjar alguém que tenha uma memória boa, pra trabalhar comigo, porque você... Esquece tudo!
•A empresa não precisa de incompetente igual a você!
•Ela faz confusão com tudo... É muito encrenqueira! É histérica! É mal casada! Não dormiu bem... é falta de ferro!
•Vamos ver que brigou com o marido!


Danos da humilhação à saúde
A humilhação constitui um risco invisível, porém concreto nas relações de trabalho e a saúde dos trabalhadores e trabalhadoras, revelando uma das formas mais poderosa de violência sutil nas relações organizacionais, sendo mais freqüente com as mulheres e adoecidos. Sua reposição se realiza ’invisivelmente’ nas práticas perversas e arrogantes das relações autoritárias na empresa e sociedade. A humilhação repetitiva e prolongada tornou-se prática costumeira no interior das empresas, onde predomina o menosprezo e indiferença pelo sofrimento dos trabalhadores/as, que mesmo adoecidos/as, continuam trabalhando.

Freqüentemente os trabalhadores/as adoecidos são responsabilizados/as pela queda da produção, acidentes e doenças, desqualificação profissional, demissão e conseqüente desemprego. São atitudes como estas que reforçam o medo individual ao mesmo tempo em que aumenta a submissão coletiva construída e alicerçada no medo. Por medo, passam a produzir acima de suas forças, ocultando suas queixas e evitando, simultaneamente, serem humilhados/as e demitidos/as.

Os laços afetivos que permitem a resistência, a troca de informações e comunicações entre colegas, se tornam ’alvo preferencial’ de controle das chefias se ’alguém’ do grupo, transgride a norma instituída. A violência no intramuros se concretiza em intimidações, difamações, ironias e constrangimento do ’transgressor’ diante de todos, como forma de impor controle e manter a ordem.

Em muitas sociedades, ridicularizar ou ironizar crianças constitui uma forma eficaz de controle, pois ser alvo de ironias entre os amigos é devastador e simultaneamente depressivo. Neste sentido, as ironias mostram-se mais eficazes que o próprio castigo. O/A trabalhador/a humilhado/a ou constrangido/a passa a vivenciar depressão, angustia, distúrbios do sono, conflitos internos e sentimentos confusos que reafirmam o sentimento de fracasso e inutilidade.

As emoções são constitutivas de nosso ser, independente do sexo. Entretanto a manifestação dos sentimentos e emoções nas situações de humilhação e constrangimentos são diferenciadas segundo o sexo: enquanto as mulheres são mais humilhadas e expressam sua indignação com choro, tristeza, ressentimentos e mágoas, estranhando o ambiente ao qual identificava como seu, os homens sentem-se revoltados, indignados, desonrados, com raiva, traídos e têm vontade de vingar-se. Sentem-se envergonhados diante da mulher e dos filhos, sobressaindo o sentimento de inutilidade, fracasso e baixa auto-estima. Isolam-se da família, evitam contar o acontecido aos amigos, passando a vivenciar sentimentos de irritabilidade, vazio, revolta e fracasso.

Passam a conviver com depressão, palpitações, tremores, distúrbios do sono, hipertensão, distúrbios digestivos, dores generalizadas, alteração da libido e pensamentos ou tentativas de suicídios que configuram um cotidiano sofrido. É este sofrimento imposto nas relações de trabalho que revela o adoecer, pois o que adoece as pessoas é viver uma vida que não desejam, não escolheram e não suportam.

Sintomas do assédio moral na saúde
Entrevistas realizadas com 870 homens e mulheres vítimas de opressão no ambiente profissional revelam como cada sexo reage a essa situação (em porcentagem)

Sintomas Mulheres Homens
Crises de choro 100 -
Dores generalizadas 80 80
Palpitações, tremores 80 40
Sentimento de inutilidade 72 40
Insônia ou sonolência excessiva 69,6 63,6
Depressão 60 70
Diminuição da libido 60 15
Sede de vingança 50 100
Aumento da pressão arterial 40 51,6
Dor de cabeça 40 33,2
Distúrbios digestivos 40 15
Tonturas 22,3 3,2
Idéia de suicídio 16,2 100
Falta de apetite 13,6 2,1
Falta de ar 10 30
Passa a beber 5 63
Tentativa de suicídio - 18,3

Fonte: BARRETO, M. Uma jornada de humilhações. São Paulo: Fapesp; PUC, 2000.


É possível estabelecer o nexo causal?
Segundo Resolução 1488/98 do Conselho Federal de Medicina, "para o estabelecimento do nexo causal entre os transtornos de saúde e as atividades do trabalhador, além do exame clínico (físico e mental) e dos exames complementares, quando necessários, deve o médico considerar:

•A história clínica e ocupacional, decisiva em qualquer diagnóstico e/ou investigação de nexo causal;
•O estudo do local de trabalho;
•O estudo da organização do trabalho;
•Os dados epidemiológicos;
•A literatura atualizada;
•A ocorrência de quadro clínico ou subclínico em trabalhador exposto a condições agressivas;
•A identificação de riscos físicos, químicos, biológicos, mecânicos, estressantes, e outros;
•O depoimento e a experiência dos trabalhadores;
•Os conhecimentos e as práticas de outras disciplinas e de seus profissionais, sejam ou não da área de saúde." (Artigo 2o da Resolução CFM 1488/98).
Acrescrentamos:

•Duração e repetitividade da exposição dos trabalhadores a situações de humilhação.



O que a vítima deve fazer?
•Resistir: anotar com detalhes toda as humilhações sofridas (dia, mês, ano, hora, local ou setor, nome do agressor, colegas que testemunharam, conteúdo da conversa e o que mais você achar necessário).
•Dar visibilidade, procurando a ajuda dos colegas, principalmente daqueles que testemunharam o fato ou que já sofreram humilhações do agressor.
•Organizar. O apoio é fundamental dentro e fora da empresa.
•Evitar conversar com o agressor, sem testemunhas. Ir sempre com colega de trabalho ou representante sindical.
•Exigir por escrito, explicações do ato agressor e permanecer com cópia da carta enviada ao D.P. ou R.H e da eventual resposta do agressor. Se possível mandar sua carta registrada, por correio, guardando o recibo.
•Procurar seu sindicato e relatar o acontecido para diretores e outras instancias como: médicos ou advogados do sindicato assim como: Ministério Público, Justiça do Trabalho, Comissão de Direitos Humanos e Conselho Regional de Medicina (ver Resolução do Conselho Federal de Medicina n.1488/98 sobre saúde do trabalhador).
•Recorrer ao Centro de Referencia em Saúde dos Trabalhadores e contar a humilhação sofrida ao médico, assistente social ou psicólogo.
•Buscar apoio junto a familiares, amigos e colegas, pois o afeto e a solidariedade são fundamentais para recuperação da auto-estima, dignidade, identidade e cidadania.
Importante:

Se você é testemunha de cena(s) de humilhação no trabalho supere seu medo, seja solidário com seu colega. Você poderá ser "a próxima vítima" e nesta hora o apoio dos seus colegas também será precioso. Não esqueça que o medo reforça o poder do agressor!

Lembre-se:

O assédio moral no trabalho não é um fato isolado, como vimos ele se baseia na repetição ao longo do tempo de práticas vexatórias e constrangedoras, explicitando a degradação deliberada das condições de trabalho num contexto de desemprego, dessindicalização e aumento da pobreza urbana. A batalha para recuperar a dignidade, a identidade, o respeito no trabalho e a auto-estima, deve passar pela organização de forma coletiva através dos representantes dos trabalhadores do seu sindicato, das CIPAS, das organizações por local de trabalho (OLP), Comissões de Saúde e procura dos Centros de Referencia em Saúde dos Trabalhadores (CRST e CEREST), Comissão de Direitos Humanos e dos Núcleos de Promoção de Igualdade e Oportunidades e de Combate a Discriminação em matéria de Emprego e Profissão que existem nas Delegacias Regionais do Trabalho.

O basta à humilhação depende também da informação, organização e mobilização dos trabalhadores. Um ambiente de trabalho saudável é uma conquista diária possível na medida em que haja "vigilância constante" objetivando condições de trabalho dignas, baseadas no respeito ’ao outro como legítimo outro’, no incentivo a criatividade, na cooperação.

O combate de forma eficaz ao assédio moral no trabalho exige a formação de um coletivo multidisciplinar, envolvendo diferentes atores sociais: sindicatos, advogados, médicos do trabalho e outros profissionais de saúde, sociólogos, antropólogos e grupos de reflexão sobre o assédio moral. Estes são passos iniciais para conquistarmos um ambiente de trabalho saneado de riscos e violências e que seja sinônimo de cidadania.



Coordenação do site:
Cármen Quadros, Margarida Barreto, Maria Benigna Arraes Gervaiseau

Site idealizado em novembro de 2000. Inaugurado em 01 de maio de 2001.

Atualizado em agosto de 2008


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O seu contato conosco nos ajudará a compreender melhor o assédio moral no Brasil sem entretanto significar compromisso da equipe em responder a casos particulares. As orientações sobre o 'que você deve fazer' estão detalhadas no capítulo Assédio Moral.

O assédio moral é uma questão extremamente complexa e envolve aspectos de saúde física e mental (podendo levar, em alguns casos, até ao suicídio), aspectos trabalhistas, sociais, jurídicos, familiares. Para o encaminhamento e a solução de casos concretos, consulte um profissional habilitado e experiente, da sua confiança, para analisar com detalhes a sua situação.

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Margarida Barreto e Maria Benigna Arraes Gervaiseau

domingo, 1 de agosto de 2010

Disse tudo...

Escuta e serás sábio. O começo da sabedoria é o silêncio.

Pitágoras

Instantes

Se eu pudesse viver novamente minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Não mais tolo ainda do que tenho sido. Na verdade bem poucas coisas levaria a sério....
Seria menos higiênico..... Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios....
Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e comeria menos lentilha. Teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da vida; claro que tive momentos de alegria... Mas se eu pudesse voltar a viver trataria de ter somente bons momentos. Porque se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos, não percas o agora....
Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas; se eu voltasse a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono. Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças...... se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas vejam, já tenho 85 anos, estou cego e sei que vou morrer...

Jorge Luiz Borges

Desejo ajudar...

"Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício.
Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja.
Gostaria de ajudar, se possível, judeus, gentios, negros, brancos...
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros.
Os seres humanos são assim.
Desejamos viver para a felicidade do próximo, não para seu infortúnio.
Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros?
Neste mundo há espaço para todos.
A terra que é boa e rica, pode prover a todas as necessidades.
Caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém, nos extraviamos.
A cobiça envenenou a alma das pessoas...
Levantou no mundo as muralhas do ódio e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e a morte.
Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela.
A máquina que produz abundância, tem-nos deixado em penúrias.
Nossos conhecimentos fazem-nos céticos; nossa inteligência em pessoas duras e cruéis.
Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.
Mais do que máquinas, precisamos de humanidade.
Mais do que inteligência, precisamos de afeição e doçura.
Sem essas feições a vida será de violência e tudo será perdido.
A aviação e o rádio aproximam-nos muito mais.
A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade da pessoa humana, um apelo à fraternidade universal, à união de todos nós.
Neste mesmo instante minha voz chega a milhões de pessoas por este mundo afora.
Milhões de desesperados, homens e mulheres, criancinhas, vítimas de um sistemas que tortura seres humanos e encarcera inocentes.
Aos que me podem ouvir, eu digo: "Não se desesperem!"
A desgraça que tem caído sobre nós não é mais produto da cobiça em agonia, da amargura de pessoas que temem o avanço do processo humano.
As pessoas que odeiam desaparecerão.
Os ditadores sucumbirão e o poder que do povo foi roubado há de retornar ao povo.
E assim, enquanto morrem pessoas, a liberdade nunca perecerá.
Companheiros, não vos entregueis a seres humanos brutais que vos desprezam, que vos escravizam, que arregimentam as vossas vidas, que ditam os vossos atos, as vossas idéias, os vossos sentimentos!
Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como um gado humano, que vos utilizam como carne para canhão!
Não sois máquinas! Pessoas é que sois!
E, com amor da humanidade em vossas almas!
Não odieis!
Só odeiam os que não se fazem amar, os inumanos.
Companheiros, não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade!
No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro de vós todos! Vós, o povo, tendes o poder - o poder de criar máquinas.
O poder de criar felicidade!
Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... e fazê-la uma aventura maravilhosa.
Portanto, em nome da democracia, usemos deste poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom, que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê fruto à mocidade e segurança à velhice.
É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder.
Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem.
Jamais o cumprirão!
Os ditadores liberam-se, porém, escravizam o povo.
Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência.
Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à aventura de todos nós.
Em nome da democracia, unamo-nos.
Hannah, estás me ouvindo?
Onde te encontres, levanta os olhos!
Vês, Hannah?
O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam!
Estamos saindo das trevas para a luz!
Vamos entrando num mundo novo.
Um mundo melhor, em que as pessoas estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade.
Ergue os olhos, Hannah!
A alma das pessoas ganhou asas e afinal começa a voar.
Voar para o arco-íris, para a luz da esperança.
Ergue os olhos Hannah!
Ergue os olhos!"

Charles Chaplin
Extraído do filme O Grande Ditador

Você tem fome de quê?

Saúde e Beleza
Você tem fome de quê?
Repense a sua relação com a comida e sua forma de lidar com emoções


Nada sobrevive sem se hidratar e sem se nutrir. Do tigre ao cactus, tudo que vive precisa de água e alimento para continuar a viver. Cada ser vivo com suas especificidades, mas com algo em comum: todos nós precisamos ingerir, digerir, metabolizar, converter algo em energia para seguir adiante até o próximo reabastecer.


Além da fome do corpo, temos também outras fomes. Nossa alma tem necessidades que precisam ser nutridas. Quando não respeitamos nosso ritmo biológico nosso corpo dá alertas. E o mesmo ocorre com nossos ritmos mais profundos: muitas vezes passam a gritar para terem alguma atenção. Se não escutamos, a fome permanece e acaba surgindo das maneiras mais tortas possíveis. São as nossas compulsões, o mal-estar, o choro sem razão, misteriosos estouros na pele, as alterações de humor e por aí­ vai. Aquilo a que chamamos desequilí­brio, dor, doença, pode muitas vezes ser um pedido de ajuda interno para que voltemos ao equilíbrio saudável.


Que tipo de fome você quer saciar?

Talvez tenhamos ingerido situações, palavras, sentimentos um tanto indigestos e precisemos metabolizar, ver o que nos cabe e jogar o restante para fora. Talvez haja uma perigosa abstinência de tudo que faz o coração bater mais vivo: amizade, carinho, compartilhar, compreensão, relação. É preciso ouvir para onde cada manifestação aponta: que tipo de fome/sede preciso saciar? Não basta um só copo d´água hoje para matar a sede de amanhã e um único pão também não é o suficiente para nos dar energia para toda a vida. Se teimamos em não nos fazermos essa pergunta fundamental acabamos sem energia, procurando nos saciar naquilo que não nos preenche. Estressados, adoecidos, mantemos escondida a nossa força.


Na vida, não só deixamos de alimentar a alma, como muitas vezes procuramos o alimento no lugar errado. Nunca se falou tanto em obesidade, magreza e distúbios alimentares como em nossos tempos. A obesidade que antes era vista como a comprovação de saúde e de um status daquele que era próspero, hoje évista com maus olhos, por diversos motivos. A magreza é exaltada e ganha seguidores que fazem de tudo, até apagarem o viço da alma, para seguirem o que é ditado como extremamente desejável. Junto a esse quadro, surgem diversos outros de distúrbios alimentares, demonstrando o descompensar de nossas fomes na atualidade: ou come-se tudo, ou come-se nada. Prazer e culpa ligados ao extremo.


Comida como punição ou recompensa

Estamos cindidos de nosso corpo, não reconhecemos nem seu poder nem suas necessidades, não acessamos as verdadeiras fomes que gritam em nossa alma. Lemos a necessidade de doçura na vida como necessidade de açúcar. Necessidade de amor contida acaba se confundindo com a necessidade de comida. Lemos a necessidade de sermos aceitos como ânsia de atender a padrões externos de beleza. A comida passa a ser usada como punição, negação, fuga, recompensa... Muitas pessoas para se sentirem no controle sobre seus sentimentos (aqueles que não entendem ou que lhe deixam confusas) acabam por deslocar o descontrole para outro campo,desembocando numa relação de dor com a comida. Sendo a comida um símbolo de vida, todas essas manifestações acabam por negar a vida em sua plenitude.


Se você se identifica com algo nessas palavras, é hora de retomar o verdadeiro controle sobre sua vida. Ir de encontro àquilo que possa realmente lhe fazer bem, ouvir suas fomes e atendê-las de maneira integrada e amorosa. Procure por ajuda profissional, com o auxí­lio da psicoterapia você pode traçar o caminho da redescoberta de si. Entre em contato com seu corpo, aprenda a ouvi-lo. Entre em contato com sua alma, aprenda a ouvi-la também.


Não há resposta pronta que ninguém possa lhe dar. Então faça seu caminho:comece a refletir sobre a própria experiência, busque ajuda para descobrir as respostas que estão dentro de você. Busque meios que facilitem a mudança dos padrões que fazem mal, para deixar que a vida que existe em você possa fluir esse renovar. Não deixe para depois! Alimente o que lhe faz bem, agora mesmo!

SOBRE O AUTOR

Juliana Garcia

Psicóloga, psicodramatista e aromaterapeuta. Trabalha em projetos sociais como facilitadora de grupos de mulheres e grupos de reflexão sobre o Feminino em Belo Horizonte e interior de MG. Saiba mais »

contato: julianaggpsi@gmail.com

segunda-feira, 12 de julho de 2010

A PRINCÍPIO - MARTHA MEDEIROS

De norte a sul, de leste a oeste, todo mundo quer ser feliz. Não é tarefa das mais fáceis. A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.

Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos,sarados, irresistíveis.

Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica, a bolsa Louis Vitton e uma temporada num spa cinco estrelas.

E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando.
Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário,queremos ser felizes assim e não de outro jeito.

É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Por que só podemos ser felizes formando um par e não como pares? Ter um parceiro constante, não é sinônimo de felicidade, a não ser que seja a felicidade de estar correspondendo a expectativas da sociedade, mas isso é outro assunto. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com parceiros, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.

Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.

Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar. É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o
que nos mobiliza, instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um game onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo.

* * * * * * * *

Esse texto foi publicado originalmente na coluna "Almas Gêmeas" do Terra.
Como saiu do ar, só está disponível através desse site, mas fica com erros em alguns caracteres:
http://web.archive.org/web/20040220195847/almas.terra.com.br/martha/martha_08_01.htm

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Millôr Fernandes

As pessoas que falam muito, mentem sempre, porque acabam esgotando seu estoque de verdades.

Por Charles Chaplin

“A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara pra faculdade. Você vai pro colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando….E termina tudo com um ótimo orgasmo!!! Não seria perfeito?”

“DOZE CONSELHOS PARA TER UM INFARTO BEM SUCEDIDO por Dr. Ernesto Artur – CARDIOLOGISTA

Quando publiquei estes conselhos ‘amigos-da-onça’ em meu site,recebi uma enxurrada de e-mails, até mesmo do exterior, dizendo que isto lhes serviu de alerta, pois muitos estavam adotando esse tipo de vida inconscientemente.

1. Cuide de seu trabalho antes de tudo. As necessidades pessoais e familiares são secundárias;

2. Trabalhe aos sábados o dia inteiro e, se puder também aos domingos;

3. Se não puder permanecer no escritório à noite, leve trabalho para casa e trabalhe até tarde;

4. Ao invés de dizer não, diga sempre sim a tudo que lhe solicitarem;

5. Procure fazer parte de todas as comissões, comitês, diretorias, conselhos e aceite todos os convites para conferências, seminários,encontros, reuniões, simpósios etc.;

6. Não se dê ao luxo de um café da manhã ou uma refeição tranqüila. Pelo contrário, não perca tempo e aproveite o horário das refeições para fechar negócios ou fazer reuniões importantes;

7. Não perca tempo fazendo ginástica, nadando, pescando, jogando bola ou tênis. Afinal, tempo é dinheiro;

8. Nunca tire férias, você não precisa disso. Lembre-se que você é de ferro;

9. Centralize todo o trabalho em você, controle e examine tudo para ver se nada está errado. Delegar é pura bobagem; é tudo com você mesmo;

10. Se sentir que está perdendo o ritmo, o fôlego e pintar aquela dor de estômago, tome logo estimulantes, energéticos e anti-ácidos. Eles vão te deixar tinindo;

11. Se tiver dificuldades em dormir não perca tempo: tome calmantes e sedativos de todos os tipos.Agem rápido e são baratos.

12. E por último, o mais importante: não se permita ter momentos de oração, meditação audição de uma boa música e reflexão sobre sua vida . Isto é para crédulos e tolos sensíveis.
Repita para si: Eu não perco tempo com bobagens. ”
Este texto não é meu, mas achei muito interessante pra dar um toque no pessoal que deixa de se cuidar, enfim, que se abdica da saúde em benefício de outras coisas/pessoas.

Caso alguém saiba a fonte desse texto, deixe um comentário que eu queria creditá-la.

Obrigado!
http://leituradiaria.com.br/?p=894

Miguel Falabella

"Não importa o quanto essa nossa vida nos obriga a ser sérios... Todos nós procuramos alguém para sonhar... brincar... amar... e tudo o que precisamos é de uma mão para segurar e um coração para nos entender."

Fita Métrica do Amor

Como se mede uma pessoa? Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento.

Ela é enorme pra você quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravado. É pequena pra você quando só pensa em si mesmo, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade.

Uma pessoa é gigante pra você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto. É pequena quando desvia do assunto. Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma.

Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês. Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas: será ela que mudou ou será que o amor é traiçoeiro nas suas medições? Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo. É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos.

Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações. Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma. O egoísmo unifica os insignificantes. Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande. É a sua sensibilidade sem tamanho !

Martha Medeiros

quarta-feira, 26 de maio de 2010

O VALOR DO TEMPO

Para você entender o valor de um ano: pergunte a um estudante que não passou nos exames finais.

Para você entender o valor de um mês: pergunte a uma mãe que teve um filho prematuro.

Para você entender o valor de uma semana: pergunte ao editor de uma revista semanal.

Para você entender o valor de uma hora: pergunte aos apaixonados que estão esperando o momento do encontro.

Para você entender o valor de um minuto: pergunte a uma pessoa que perdeu o trem, o ônibus ou o avião.

Para você entender o valor de um segundo: pergunte a alguém que sobreviveu a um acidente.

Para você entender o valor de um milissegundo: pergunte a um ganhador de uma medalha de prata nas Olimpíadas.

Portanto, procure aproveitar seu tempo ao máximo, SEMPRE!

Para quem se identificar...

ENQUANTO.....
você dorme pacificamente,
ele perde o sono quando pensa em você.
você acorda e saúda o sol,
ele olha o seu bronzeado.

você sai para o trabalho,
ele calcula o seu salário.

você constrói sua casa,
ele julga a cor das tintas.

você estuda, tem boas notas,
ele se preocupa com esses números.

você conquista um diploma ,
ele vive o medo do seu sucesso futuro.

você levanta um prédio,
ele escolhe uma janela prá pular.

você cura os doentes,
ele adoece por conta disso.

você ensina os seus alunos,
ele tenta descobrir o que você não sabe.

você tem a simpatia da chefia,
ele prefere chamá-lo de puxa-saco.

você recebe os aplausos,
ele busca saber se alguém o vaia.
você liga seu computador para serviço útil,
ele coleciona programas de vírus ou invade seu correio com
tolas agressões.

O que ele realmente faz - quando faz! - :
você cria , ele copia !

Você teme o invejoso?
Por que?
... ele é um eterno espectador .
3 anos atrás
Detalhes Adicionais
... merece sua compaixão e não seu temor ...

A maior verdade...

Fazermos aos outros o que queiramos que os outros nos façam.

terça-feira, 18 de maio de 2010

RIFA-SE UM CORAÇÃO, UM CORAÇÃO QUASE NOVO

Rifa-se um coração quase novo...
Um coração idealista. Um coração como poucos. Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que, na realidade, está pouco usado, meio calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos e cultivar ilusões. Um louco inconseqüente que nunca desiste de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração que acha que Tim Maia estava certo quando escreveu: “...não quero dinheiro, eu quero amor sincero, é isso é que eu espero...”; Um idealista. Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende. Que não endurece e mantém sempre viva a esperança de ser feliz, sendo simples e natural. Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar.Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras.Rifa-se este coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros.Esse coração que erra, briga, se expõe. Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes, revê suas posições arrependido de palavras e gestos. Este coração tantas vezes incompreendido. Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo...
Rifa-se este desequilibrado emocional, que abre sorrisos tão largos que quase dá prá engolir as orelhas, mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto. Um coração para ser alugado ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes.
Um orgão abestado, indicado apenas para quem quer viver intensamente e, contra-indicado para os que apenas pretendem passar pela vida matando o tempo, defendendo-se de emoções.
Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário. Um coração que, quando parar de bater, ouvirá seu usuário dizer para São Pedro, na hora da prestação de contas: “O Senhor pode conferir, eu fiz tudo certo. Só errei quando coloquei sentimento. Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança, que insiste em não endurecer se recusa a envelhecer”.
Rifa-se um coração, ou até mesmo troca-se por outro que tenha um pouco mais de juízo. Um órgão fiel ao seu usuário. Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga. Um coração que não seja tão inconseqüente.Rifa-se um coração cego, surdo e mudo mas que incomoda um bocado. Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda não foi adotado, provavelmente, por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais. Por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree. Um simples coração humano. Um impulsivo membro, de comportamento, até meio ultrapassado.Um modelo cheio de defeitos que, certamente, os mais avançados não mais possuem.
Uma verdadeira raridade que, mesmo estando fora do mercado, faz questão de não se modernizar, mas vez por outra, constrange o corpo que domina.
Um velho coração que convence seu usuário a publicar seus segredos e, a ter a petulância de se aventurar como poeta.

Ricardo Labatt

Ah! A Clarice Lispector....

Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Disse tudo!

Falar muito de si mesmo pode ser também um modo de se esconder.

Nietzsche

Fernando Pessoa

Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!

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Deus costuma usar a solidão
Para nos ensinar sobre a convivência.
Às vezes, usa a raiva para que possamos
Compreender o infinito valor da paz.
Outras vezes usa o tédio, quando quer
nos mostrar a importância da aventura e do abandono.
Deus costuma usar o silêncio para nos ensinar
sobre a responsabilidade do que dizemos.
Às vezes usa o cansaço, para que possamos
Compreender o valor do despertar.
Outras vezes usa a doença, quando quer
Nos mostrar a importância da saúde.
Deus costuma usar o fogo,
para nos ensinar a andar sobre a água.
Às vezes, usa a terra, para que possamos
Compreender o valor do ar.
Outras vezes usa a morte, quando quer
Nos mostrar a importância da vida.

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Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

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quarta-feira, 12 de maio de 2010

É Proibido - Pablo Neruda

É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.

É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,

Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos

Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,

Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,

Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,

Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se
desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,

Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,

Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,

Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.

Mãos Dadas - Carlos Drummond de Andrade

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

terça-feira, 11 de maio de 2010

30 mandamentos para ser leitor, escritor e crítico

Decalógo do leitor

Por Alberto Mussa

I - Nunca leia por hábito: um livro não é uma escova de dentes. Leia por vício, leia por dependência química. A literatura é a possibilidade de viver vidas múltiplas, em algumas horas. E tem até finalidades práticas: amplia a compreensão do mundo, permite a aquisição de conhecimentos objetivos, aprimora a capacidade de expressão, reduz os batimentos cardíacos, diminui a ansiedade, aumenta a libido. Mas é essencialmente lúdica, é essencialmente inútil, como devem ser as coisas que nos dão prazer.

II - Comece a ler desde cedo, se puder. Ou pelo menos comece. E pelos clássicos, pelos consensuais. Serão cinqüenta, serão cem. Não devem faltar As mil e uma noites, Dostoiévski, Thomas Mann, Balzac, Adonias, Conrad, Jorge de Lima, Poe, García Márquez, Cervantes, Alencar, Camões, Dumas, Dante, Shakespeare, Wassermann, Melville, Flaubert, Graciliano, Borges, Tchekhov, Sófocles, Machado, Schnitzler, Carpentier, Calvino, Rosa, Eça, Perec, Roa Bastos, Onetti, Boccaccio, Jorge Amado, Benedetti, Pessoa, Kafka, Bioy Casares, Asturias, Callado,Rulfo, Nelson Rodrigues, Lorca, Homero, Lima Barreto, Cortázar, Goethe, Voltaire, Emily Brontë, Sade, Arregui, Verissimo, Bowles, Faulkner, Maupassant, Tolstói, Proust, Autran Dourado, Hugo, Zweig, Saer, Kadaré, Márai, Henry James, Castro Alves.

III - Nunca leia sem dicionário. Se estiver lendo deitado, ou num ônibus, ou na praia, ou em qualquer outra situação imprópria, anote as palavras que você não conhece, para consultar depois. Elas nunca são escritas por acaso.

IV - Perca menos tempo diante do computador, da televisão, dos jornais e crie um sistema de leitura, estabeleça metas. Se puder ler um livro por mês, dos 16 aos 75 anos, terá lido 720 livros. Se, no mês das férias, em vez de um, puder ler quatro, chegará nos 900. Com dois por mês, serão 1.440. À razão de um por semana, alcançará 3.120. Com a média ideal de três por semana, serão 9.360. Serão apenas 9.360. É importante escolher bem o que você vai ler.

V - Faça do livro um objeto pessoal, um objeto íntimo. Escreva nele; assinale as frases marcantes, as passagens que o emocionam. Também é importante criticar o autor, apontar falhas e inverossimilhanças. Anote telefones e endereços de pessoas proibidas, faça cálculos nas inúteis páginas finais. O livro é o mais interativo dos objetos. Você pode avançar e recuar, folheando, com mais comodidade e rapidez que mexendo em teclados ou cursores de tela. O livro vai com você ao banheiro e à cama. Vai com você de metrô, de ônibus, e de táxi. Vai com você para outros países. Há apenas duas regras básicas: use lápis; e não empreste.
VI - Não se deixe dominar pelo complexo de vira-lata. Leia muito, leia sempre a literatura brasileira. Ela está entre as grandes. Temos o maior escritor do século XIX, que foi Machado de Assis; e um dos cinco maiores do século XX, que foram Borges, Perec, Kafka, Bioy Casares e Guimarães Rosa. Temos um dos quatro maiores épicos ocidentais, que foram Homero, Dante, Camões e Jorge de Lima. E temos um dos três maiores dramaturgos de todos os tempos, que foram Sófocles, Shakespeare e Nelson Rodrigues.

VII - Na natureza, são as espécies muito adaptadas ao próprio hábitat que tendem mais rapidamente à extinção. Prefira a literatura brasileira, mas faça viagens regulares. Das letras européias e da América do Norte vem a maioria dos nossos grandes mestres. A literatura hispano-americana é simplesmente indispensável. Particularmente os argentinos. Mas busque também o diferente: há grandezas literárias na África e na Ásia. Impossível desconhecer Angola, Moçambique e Cabo Verde. Volte também ao passado: à Idade Média, ao mundo árabe, aos clássicos gregos e latinos. E não esqueça o Oriente; não esqueça que literatura nenhuma se compara às da Índia e às da China. E chegue, finalmente, às mitologias dos povos ágrafos, mergulhe na poesia selvagem. São eles que estão na origem disso tudo; é por causa deles que estamos aqui.

VIII - Tente evitar a repetição dos mesmos gêneros, dos mesmos temas, dos mesmos estilos, dos mesmos autores. A grande literatura está espalhada por romances, contos, crônicas, poemas e peças de teatro. Nenhum gênero é, em tese, superior a outro. Não se preocupe, aliás, com o conceito de gênero: história, filosofia, etnologia, memórias, viagens, reportagem, divulgação científica, auto-ajuda – tudo isso pode ser literatura. Um bom livro tem de ser inteligente, bem escrito e capaz de provocar alguma espécie de emoção.

IX - A vida tem outras coisas muito boas. Por isso, não tenha pena de abandonar pelo meio os livros desinteressantes. O leitor experiente desenvolve a capacidade de perceber logo, em no máximo 30 páginas, se um livro será bom ou mau. Só não diga que um livro é ruim antes de ler pelo menos algumas linhas: nada pode ser tão estúpido quanto o preconceito.

X - Forme seu próprio cânone. Se não gostar de um clássico, não se sinta menos inteligente. Não se intimide quando um especialista diz que determinado autor é um gênio, e que o livro do gênio é historicamente fundamental. O fato de uma obra ser ou não importante é problema que tange a críticos; talvez a escritores. Não leve nenhum deles a sério; não leve a literatura a sério; não leve a vida a sério. E faça o seu próprio decálogo: neste momento, você será um leitor.
Decálogo do autor

Por Miguel Sanches Neto

Depois de leitor, você pode se tornar, então, escritor– embora, pasme, muitos hoje pulem a leitura, por julgá-la dispensável, e já desejem publicar

I - Não fique mandando seus originais para todo mundo.Acontece que você escreve para ser lido extramuros, e deseja testar sua obra num terreno mais neutro. E não quer ficar a vida inteira escrevendo apenas para uma pessoa. O que fazer então para não virar um chato? No passado, eu aconselharia mandar os textos para jornais e revistas literárias, foi o que eu fiz quando era um iniciante bem iniciante. Mas os jovens agora têm uma arma mais democrática. Publicar na internet. Há muitos espaços coletivos, uma liberdade de inclusão de textos novos e você ainda pode criar seu próprio site ou blog, mas cuidado para não incomodar as pessoas, enviando mensagens e avisos para que leiam você.

II - Publique seus textos em sites e blogs e deixe que sigam o rumo deles. Depois de um tempo publicando eletronicamente, você vai encontrar alguns leitores. Terá de ler os textos deles, e dar opiniões e fazer sugestões, mas também receberá muitas dicas.

III - Leia os contemporâneos, até para saber onde é o seu lugar. Existe um batalhão de internautas ávidos por leitura e em alguns casos você atingirá o alvo e terá acontecido a magia de um texto encontrar a pessoa que o justifica. Mas todo texto escrito na internet sonha um dia virar livro. Sites e blogs são etapas, exercícios de aquecimento. Só o livro impresso dá status autoral. O que fazer quando eu tiver mais de dois gigas de textos literários? Está na hora de publicar um livro maior do que Em busca do tempo perdido? Bem, é nesse momento que você pode continuar sendo um escritor iniciante comum ou subir à categoria de iniciante com experiência. Você terá que reduzir essas centenas e centenas de páginas a um formato razoável, que não tome muito tempo de leitura de quem, eventualmente, se interessar por um livro de estréia. Para isso,
você terá de ser impiedoso, esquecer os elogios da mulher e dos amigos e selecionar seu produto, trabalhando duro para que fique sempre melhor.

IV - Considere apenas uma pequenina parte de toda a sua produção inicial, e invista na revisão dela, sabendo que revisar é cortar. O livro está pronto. Não tem mais do que 200 páginas, você dedicou anos a ele e ainda continua um iniciante. Mas um iniciante responsável, pois não mandou logo imprimir suas obras completas com não sei quantos tomos, logo você que talvez nem tenha completado 30 anos. Mas você quer fazer circular a sua literatura de maneira mais formal. Quer o livro impresso. E isso é hoje muito fácil. Você conhece um amigo que conhece uma gráfica digital que faz pequenas tiragens e parcela em tantas vezes. O livro está pronto. E anda sobrando um dinheirinho, é só economizar na cerveja.

V - Gaste todo seu dinheiro extra em cerveja, viagens, restaurantes e não pague a publicação do próprio livro. Se você fizer isso, ficará novamente ansioso para mandar a todo mundo o volume, esperando opiniões que vão comparar o seu trabalho ao dos mestres. O livro impresso, mesmo quando auto-impresso, dá esta sensação de poder. Somos enfim Autores. E podemos montar frases assim: Borges e eu valorizamos o universal. Do ponto de vista técnico, Borges e eu estamos no mesmo nível: produzimos obras impressas; mas a comparação não vai adiante. Então como publicar o primeiro livro se não conhecemos ninguém nas editoras? E aí começa um outro problema: procurar pessoas bem postas em editoras e solicitar apresentações. Na maioria das vezes isso não funciona. E, mesmo quando o livro é publicado, ele não acontece, pois foi um movimento artificial.

[continuação]

VI - Nunca peça a ninguém para indicar o seu livro a uma editora. Se por acaso um amigo conhece e gosta de seu trabalho, ele vai fazer isso naturalmente, com alguma chance de sucesso. Tente fazer tudo sozinho, como se não tivesse ninguém mais para ajudar você do que o seu próprio livro. Sim, este livro em que você colocou todas as suas fichas. E como você só pode contar com ele...

VII - Mande seu livro a todos os concursos possíveis e a editoras bem escolhidas, pois cada uma tem seu perfil editorial. É melhor gastar seu dinheiro com selos e fotocópias do que com a impressão de uma obra que não será distribuída e que terá de ser enviada a quem não a solicitou. Enquanto isso, dedique-se a atividades afins para controlar a ansiedade, porque essas coisas de literatura demoram, demoram muito mesmo. Você pode traduzir textos literários para consumo próprio ou para jornais e revistas, pode fazer resenhas de obras marcantes, ler os clássicos ou simplesmente manter um diário íntimo. O importante é se ocupar. Com sorte e tendo o livro alguma qualidade além de ter custado tanto esforço, ele acaba publicado. Até o meu terminou publicado, e foi quando me tornei um iniciante adulto. Tinha um livro de ficção no catálogo de uma grande editora. E aí tive de aprender outras coisas. Há centenas de livros de iniciantes chegando aos jornais e revistas para resenhas e uma quantidade muito maior de títulos consagrados. E a maioria vai ficar sem espaço nos jornais. E é natural que os exemplares distribuídos para a imprensa acabem nos sebos, pois não há resenhistas para tantas obras.

VIII - Não force os amigos e conhecidos a escrever sobre seu livro. Não quer dizer que eles não possam escrever, podem sim, mas mande o livro e, se eles não acusarem recebimento ou não comentarem mais o assunto, esqueça e não lhes queira mal, eles são nossos amigos mesmo não gostando do que escrevemos. Se um ou outro amigo escrever sobre o livro, festeje mesmo se ele não entender nada ou valorizar coisas que não julgamos relevantes em nosso trabalho. E mande umas palavras de agradecimento, pois você teve enfim uma apreciação. E se um amigo escrever mal de nosso livro, justamente dessa obra que nos custou tanto? Se for um desconhecido, ainda vá lá, mas um amigo, aquele amigo para quem você fez isso e aquilo.

IX - Nunca passe recibo às críticas negativas. Ao publicar você se torna uma pessoa pública. E deve absorver todas as opiniões, inclusive os elogios equivocados. Deixe que as opiniões se formem em torno de seu trabalho, e talvez a verdade suplante os equívocos, principalmente se a verdade for que nosso trabalho não é lá essas coisas. O livro está publicado, você já pensa no próximo, saíram algumas resenhas, umas superficiais, outras negativas, uma muito correta. Você é então um iniciante com um currículo mínimo. Daí você recebe a prestação de contas da editora, dizendo que, no primeiro trimestre, as devoluções foram maiores do que as vendas. Como isso é possível? Vejam quantos livros a editora mandou de cortesia. Eu não posso ter vendido apenas 238 exemplares se, só no lançamento, vendi 100, o gerente da livraria até elogiou – enfim uma vantagem de ter família grande.

X - Evite reclamar de sua editora. Uma editora não existe para reverenciar nosso talento a toda hora. É uma empresa que busca o lucro, que tem dezenas de autores iguais a nós e que quer ter lucro com nosso livro, sendo a primeira prejudicada quando ele não vende. Não precisamos dizer que é a melhor editora do mundo só porque nos editou, mas é bom pensar que ocorreu uma aposta conjunta e que não se alcançou o resultado esperado. Mas que há oportunidades para outras apostas e, um dia, quem sabe...Foi tentando seguir estas regras que consegui ser o autor iniciante que hoje eu sou.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

E não parou...foi além

Proponho que a única coisa da qual se possa ser culpado, pelo menos na perspectiva analítica, é de ter cedido de seu desejo

Lacan

Rico ou pobre,todo preguiçoso é um cretino.

Conversando com o meu gato.Ele me disse:(Hauhauhau)

Devemos não somente nos defender, mas também nos afirmar, e nos afirmar não somente enquanto identidades, mas enquanto força criativa.

Michael Foucault

terça-feira, 20 de abril de 2010

Calúnia

Leia também:http://www.salton.med.br/index.php?id_menu=texto&idioma=portugues&id_texto=40

Como surgem as calúnias contra pessoas comuns?

Os famosos são vítimas frequentes de calúnias, geralmente implantadas por jornais sensacionalistas ou por concorrentes desleais. E como nascem os boatos contra as pessoas comuns?


A principal fonte de calúnias contra quem não tem destaque popular é a inveja. Alguém pode não suportar o fato de outra pessoa ter ou ser algo que ele não conseguiu. Assim, em vez de transformar a inveja numa força para conquistar os próprios sonhos, o caluniador prefere “detonar” o outro. Monta uma logística de boatos tão aprimorada que a maioria das pessoas que escutam acha que se trata de uma realidade.

Quem sustenta a indústria de boato das celebridades são leitores de revistas e telespectadores de programas de fofoca. Do mesmo modo, as calúnias contra gente do povo sobrevivem porque têm seus consumidores. Esses consumidores são os indivíduos que escutam um burburinho sobre um amigo, ou um colega de trabalho, mas não questionam se aquilo é verdade. Pelo contrário, vão fazendo os mesmos comentários nas rodinhas de conversa e afirmam com convicção que é um “fato verídico”.

Tanto os geradores de boatos quanto quem os retransmitem são inescrupulosos sem nenhuma expectativa de futuro. São o cruzamento de vermes com sanguessugas: além de não trabalharem para construção de objetivos pessoais, destroem reputações. Porém esses invejosos esquecem que tal ato constitui crime tipificado, previsto no código penal. Portanto, quem cria calúnias ou as divulga está sujeito a processo e detenção.

http://www.ponderantes.com.br/2010/03/como-surgem-as-calunias-contra-pessoas.html

Sentindo...

"Possuir é perder.
Sentir sem possuir é guardar,
porque é extrair de uma coisa a sua essência"
Fernando Pessoa

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A Maldade Espiritualiza-se

O julgamento e a condenação morais são a vingança predilecta dos espíritos tacanhos para com os que são menos, além de uma espécie de indemnização por terem sido mal dotados pela natureza, e finalmente uma oportunidade de eles próprios obterem espírito e tornarem-se finos: - a maldade espiritualiza-se. Bem no fundo do coração agrada-lhes que exista um padrão que ponha ao seu nível os abundantemente dotados de bens e privilégios de espírito: - lutam pela «igualdade de todos perante Deus» e para isso é que quase precisam da fé em Deus.

Friedrich Nietzsche, in 'Para Além de Bem e Mal'

quinta-feira, 11 de março de 2010

Verdade!!!

A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre.

Oscar Wilde

terça-feira, 9 de março de 2010

Legrand

Se quero, imαgino.
Se sonho, fαntαsio.
Se desejo, prevejo.
α imαginαção me frustrα,
α fαntαsiα é um disfαrce,
previsão αpontαm os erros.
Então não imαgino, cαlculo.
Não sonho, crio metαs.
Meus desejos são o que os olhos vêm.
E αssim, mαis reαlistα, levo α
vidα sem surpresαs e, cαdα momento vivido, o fαço intensαmente, pois só ponho meu corαção nos lugαres que conheço.

segunda-feira, 1 de março de 2010

TRADUZIR-SE

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
alomoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
_ que é uma questão
de vida ou morte _
será arte?

Ferreira Gullar

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O pior inimigo é o falso amigo.

O pior inimigo é o falso amigo
Volta e meia faz comentário sobre você, maldoso e irônico, mas não tão maldoso a ponto de chocar


Já que é inevitável ter inimigos, a coisa melhor do mundo é ter um de verdade: que te odeie com lealdade e sinceridade -sem nenhum fingimento.

Ele é capaz de falar mal de você em público sem ter, em momento algum, medo de que repitam o que ele disse. E também pode te dar um tiro ou uma facada, mas sem nunca te enganar -sempre numa boa.
Não é, positivamente, do tipo que diz “vou te contar uma coisa, mas não repita, fica só entre nós”.

Dele você pode esperar sempre o pior: que impeça que aquele negócio que estava planejando havia anos se realize, que diga àquela gata que está povoando seus sonhos que você é um cafajeste, que o dinheiro que você esbanja vem do tráfico de drogas -ou coisas ainda piores.

Sabendo do que ele é capaz, você pode sempre se defender -o que é mais fácil do que lidar com a hipocrisia.
Como guerra é guerra, nada que ele faça de ruim poderá surpreender -essa é a vantagem de ter um inimigo leal. Quando se encontram num restaurante, você já sabe que deve ficar alerta e se sentar de costas para a parede, como fazem os malandros.

Ele é capaz de seduzir sua filha menor, de contratar alguém para roubar seus documentos e de jurar sobre a Bíblia sagrada que viu você subornando um político.

Tudo faz parte, e quanto mais coisas ele fizer contra você, mais você aprende a se defender; como se aprende com um inimigo assim -ah, como se aprende.

Perigosos mesmo são os pseudo-amigos, aqueles que te tratam bem e que volta e meia fazem um comentário sobre você -maldoso e irônico, mas não tão maldoso a ponto de chocar-, afinal, é apenas uma brincadeira, será que você perdeu o humor?

E aquele que passou anos construindo a imagem do bom caráter de carteirinha pode fazer você levar a vida inteira na dúvida, sem ter coragem de encarar a verdade: que se trata apenas de um crápula.

A tal da imagem ilude muita gente, que durante anos pensa que o personagem é defensor das boas causas, dos fracos e oprimidos, e sempre politicamente correto -faz parte do modelo, claro.
Incapaz de encarar uma briga de frente, ele não consegue nem ter inimigos, pois, como ser humano, não passa de uma fraude -e de um covarde.

Está sempre atrás de alguma vantagem -alguma pequena vantagem- e frequentemente comete traições -pequenas traições que dificilmente poderão ser comprovadas. E se alguém ousar acusá-lo de alguma coisa, sempre haverá alguém para defendê-lo -afinal, de uma pessoa com um passado tão correto, só um louco ousaria dizer alguma coisa.

Suas maldades e falhas de caráter nunca são grandiosas, porque nada nele é grandioso.

Suas maldades são pequenas, porque tudo o que ele faz é pequeno; pequeno como sua pessoa, como sua alma. Mas, às vezes, se tem que conviver com gente assim -como fazer?

Se for seu caso, não faça nenhum tipo de concessão.

Cometa um assassinato, internamente, e esqueça de que ele existe -mas esqueça mesmo. Mas atenção: é importante que ele saiba que você sabe perfeitamente quem ele é.

Fique cego quando passar por ele, e se alguém mencionar seu nome, não ouça; esqueça das mesquinharias de que é capaz um pobre ser humano.

E valorize seus inimigos, os bons. Eles estão sempre dispostos a liquidar com você, mas sempre com a maior lealdade.

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