São eles, são os nossos filhos. E nós somos os mais zelosos pais, por isso dormimos de consciência tranquila.
Gostamos mesmo muito destes meninos. Temos muito orgulho neles. Planeámos tudo cuidadosamente, e não vamos ter mais filhos para que nada falte a estes. Damos-lhes tudo. Tudo aquilo que merecem, tudo o que nós nunca ousámos sequer desejar na nossa infância, pois os nossos pais não tinham infelizmente as mesmas possibilidades que hoje nós temos. Não sem esforço: Deus sabe os sacrifícios que por vezes fazemos para conseguir dar-lhes o que há de melhor. Deus sabe também o que passamos para lhes evitar as contrariedades. Suportamos calados as suas birras, os seus amuos e atendemos de imediato às suas exigências. Não iremos repetir os erros das gerações anteriores, já passou a era da autoridade, agora os tempos são outros. Queremos que os nossos filhos cresçam livres da opressão a que os nossos pais nos sujeitaram.
Não lhes impomos as obrigações domésticas que tivemos de cumprir, de fazermos a nossa cama e arrumarmos as nossas coisas. Eles têm hoje muitas solicitações em casa que antigamente não existiam, como a televisão, a internet e as consolas de jogos, e por isso não podem perder tempo com essas tarefas. Nós fomos obrigados a levar a cabo missões demasiado pesadas para simples crianças: buscar água à fonte, despejar o lixo, ajudar os irmãos mais novos a vestirem-se ou dar-lhes de comer, imagine-se que até nos faziam varrer o chão.
Damos-lhes a liberdade de fazerem as suas opções desde muito pequenos e procuramos corresponder aos seus anseios, desde a hora a que se devem deitar até aos alimentos de que mais gostam, que todos os dias preparamos para o jantar. Levamo-los connosco às compras, deixamo-los escolher os presentes que vão receber nos anos e no Natal, e não resistimos por vezes a dar-lhos de imediato, pedindo nova sugestão para a prenda a oferecer na data própria. Tentamos nestes casos não olhar a custos, não queremos que fiquem com a impressão de que não podem ter as mesmas coisas que os seus colegas.
Tomamos todas as precauções para que não apanhem frio, não andem à chuva e não transpirem demasiado quando está muito calor. Temos o cuidado de os deixar todos os dias à porta da escola e não vamos embora sem nos certificarmos de que entraram e que o portão ficou fechado. Somos conscienciosos, e alertamos a escola para as deficientes condições de segurança e para os todos os potenciais riscos, pois sabemos que aquelas cabecinhas têm uma imaginação prodigiosa, sobretudo quando se trata de disparatar.
Acorremos em sua defesa e evitamos as suas quedas, todas as vezes que tropecem nas dificuldades da vida. Apagamos cuidadosamente os seus erros para que não tenham que sujeitar-se às críticas e comentários alheios.
Tentamos por tudo escolher-lhes as companhias, sabemos bem como podem influenciá-los negativamente. Queremos que fiquem nas turmas melhores, junto com os filhos dos nossos amigos, longe de gente diferente e estranha, com modos de vida para nós esquisitos ou maneiras de pensar desconhecidas.
Não queremos também que se deparem com a crueldade da natureza que produz crianças com dificuldades e diferenças, pelo que procuramos evitar contactos muito próximos. Terão tempo mais tarde para encarar a dura realidade.
Exigimos que a escola os ensine a estudar e a fazer os trabalhos de casa, lhes incuta as noções de cidadania e que os ajude a protegerem-se das doenças sexualmente transmissíveis e gravidezes indesejadas. Foi nossa a vitória neste campo, com a implementação do estudo acompanhado, da formação cívica e da educação sexual nas escolas. Foi nossa a vitória da criação de uma escola a tempo inteiro, onde os nossos filhos são educados de uma forma abrangente e global.
Compramos-lhes computadores e telemóveis de última geração, roupa de marca, queremos que eles se sintam integrados entre os seus amigos, e sabemos que essas coisas são importantes para eles. E nesses computadores até mandamos instalar uns programas daqueles que impedem que eles visitem sítios impróprios para a idade deles.
Damos-lhes todos os dias um dinheirinho para que possam comprar um bolo e um sumo e, no Verão, um gelado. Não hão-de sentir-se como nós, quando ficámos a ver aquele menino do papá, que tanto esbanjou naquela visita de estudo, a comprar recordações e a encomendar o mais vistoso bolo que havia na pastelaria e que desprezou depois, porque era enjoativo.
Não. Os nossos filhos hão-de ser respeitados e reconhecidos pelos colegas, hão-de ter muitos amigos, não queremos que sofram as angústias por que passámos na nossa adolescência por não termos a certeza de sermos aceites pelo grupo, porque não saíamos à noite ou não tínhamos namorados.
Serão miúdos cheios de sucesso toda a sua vida, terão uma profissão digna e nunca sujarão as suas mãos ou chegarão a casa cansados, transpirados, sujos. Ganharão o suficiente para terem quem faça por eles as tarefas menores.
Tivemos uma infância difícil, uma juventude complicada. Tudo faremos para que os nossos filhos cresçam sem se cruzarem com as dificuldades que nós tivemos que enfrentar.
Gostamos mesmo muito destes meninos. Temos muito orgulho neles. Planeámos tudo cuidadosamente, e não vamos ter mais filhos para que nada falte a estes. Damos-lhes tudo. Tudo aquilo que merecem, tudo o que nós nunca ousámos sequer desejar na nossa infância, pois os nossos pais não tinham infelizmente as mesmas possibilidades que hoje nós temos. Não sem esforço: Deus sabe os sacrifícios que por vezes fazemos para conseguir dar-lhes o que há de melhor. Deus sabe também o que passamos para lhes evitar as contrariedades. Suportamos calados as suas birras, os seus amuos e atendemos de imediato às suas exigências. Não iremos repetir os erros das gerações anteriores, já passou a era da autoridade, agora os tempos são outros. Queremos que os nossos filhos cresçam livres da opressão a que os nossos pais nos sujeitaram.
Não lhes impomos as obrigações domésticas que tivemos de cumprir, de fazermos a nossa cama e arrumarmos as nossas coisas. Eles têm hoje muitas solicitações em casa que antigamente não existiam, como a televisão, a internet e as consolas de jogos, e por isso não podem perder tempo com essas tarefas. Nós fomos obrigados a levar a cabo missões demasiado pesadas para simples crianças: buscar água à fonte, despejar o lixo, ajudar os irmãos mais novos a vestirem-se ou dar-lhes de comer, imagine-se que até nos faziam varrer o chão.
Damos-lhes a liberdade de fazerem as suas opções desde muito pequenos e procuramos corresponder aos seus anseios, desde a hora a que se devem deitar até aos alimentos de que mais gostam, que todos os dias preparamos para o jantar. Levamo-los connosco às compras, deixamo-los escolher os presentes que vão receber nos anos e no Natal, e não resistimos por vezes a dar-lhos de imediato, pedindo nova sugestão para a prenda a oferecer na data própria. Tentamos nestes casos não olhar a custos, não queremos que fiquem com a impressão de que não podem ter as mesmas coisas que os seus colegas.
Tomamos todas as precauções para que não apanhem frio, não andem à chuva e não transpirem demasiado quando está muito calor. Temos o cuidado de os deixar todos os dias à porta da escola e não vamos embora sem nos certificarmos de que entraram e que o portão ficou fechado. Somos conscienciosos, e alertamos a escola para as deficientes condições de segurança e para os todos os potenciais riscos, pois sabemos que aquelas cabecinhas têm uma imaginação prodigiosa, sobretudo quando se trata de disparatar.
Acorremos em sua defesa e evitamos as suas quedas, todas as vezes que tropecem nas dificuldades da vida. Apagamos cuidadosamente os seus erros para que não tenham que sujeitar-se às críticas e comentários alheios.
Tentamos por tudo escolher-lhes as companhias, sabemos bem como podem influenciá-los negativamente. Queremos que fiquem nas turmas melhores, junto com os filhos dos nossos amigos, longe de gente diferente e estranha, com modos de vida para nós esquisitos ou maneiras de pensar desconhecidas.
Não queremos também que se deparem com a crueldade da natureza que produz crianças com dificuldades e diferenças, pelo que procuramos evitar contactos muito próximos. Terão tempo mais tarde para encarar a dura realidade.
Exigimos que a escola os ensine a estudar e a fazer os trabalhos de casa, lhes incuta as noções de cidadania e que os ajude a protegerem-se das doenças sexualmente transmissíveis e gravidezes indesejadas. Foi nossa a vitória neste campo, com a implementação do estudo acompanhado, da formação cívica e da educação sexual nas escolas. Foi nossa a vitória da criação de uma escola a tempo inteiro, onde os nossos filhos são educados de uma forma abrangente e global.
Compramos-lhes computadores e telemóveis de última geração, roupa de marca, queremos que eles se sintam integrados entre os seus amigos, e sabemos que essas coisas são importantes para eles. E nesses computadores até mandamos instalar uns programas daqueles que impedem que eles visitem sítios impróprios para a idade deles.
Damos-lhes todos os dias um dinheirinho para que possam comprar um bolo e um sumo e, no Verão, um gelado. Não hão-de sentir-se como nós, quando ficámos a ver aquele menino do papá, que tanto esbanjou naquela visita de estudo, a comprar recordações e a encomendar o mais vistoso bolo que havia na pastelaria e que desprezou depois, porque era enjoativo.
Não. Os nossos filhos hão-de ser respeitados e reconhecidos pelos colegas, hão-de ter muitos amigos, não queremos que sofram as angústias por que passámos na nossa adolescência por não termos a certeza de sermos aceites pelo grupo, porque não saíamos à noite ou não tínhamos namorados.
Serão miúdos cheios de sucesso toda a sua vida, terão uma profissão digna e nunca sujarão as suas mãos ou chegarão a casa cansados, transpirados, sujos. Ganharão o suficiente para terem quem faça por eles as tarefas menores.
Tivemos uma infância difícil, uma juventude complicada. Tudo faremos para que os nossos filhos cresçam sem se cruzarem com as dificuldades que nós tivemos que enfrentar.
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