Paraty fosse uma peça de teatro, Tom Stoppard era seguramente um dos personagens principais. O dramaturgo inglês, nascido há 71 anos na actual República Checa, só tem "mesa" marcada para amanhã, sábado, às 19h, mas encontrou-se com os jornalistas manhã cedo, na Pousada do Ouro. Chega bem disposto, dá um minuto para as fotografias e puxa do cigarro - "só fumo durante as entrevistas" - antes de começar a conversa colectiva. "Bom dia, o que posso fazer por vocês?" Mas logo dá sinais de impaciência quando confrontado com as perguntas banais de sempre, como a mais ouvida "Qual a relação entre teatro e literatura?". Ou então quando lhe pedem opinião sobre a herança do Maio de 1968. "Eu não sou o Papa ou um político para ter opinião sobre tudo." Tom Stoppard gosta de contar histórias - suas e dos outros. "O teatro é uma arte de contar histórias, não é o mesmo que partilhar uma opinião. Até se pode identificar um tema geral, como a guerra no Iraque ou o aquecimento global, os personagens podem falar do tema, mas sem história não existe teatro." O dramaturgo, conhecido do "grande público" pela sua colaboração no filme Shakespeare in Love (1998), marcou tão afincadamente o seu estilo durante décadas que este se tornou adjectivo: "stoppardian" é utilizado para classificar autores e peças que misturam o humor com conceitos filosóficos. "Uma peça de teatro é um animal muito estranho. Não é um texto em si, é um evento. É a transcrição de um evento que ainda não aconteceu."
© publicado pela Ler às 13:41
© publicado pela Ler às 13:41
Nenhum comentário:
Postar um comentário