Nós, seres humanos, somos mesmo criaturas interessantes. Inventamos máquinas para que elas fizessem o trabalho pesado e repetitivo – assim, poderíamos ficar livres para nos ocupar de coisas mais humanas como criar, descobrir, nos desenvolver e desfrutar a vida. Curiosamente, em vez de focar o que nos humaniza, acabamos nos maquinizando. Em nossa sociedade moderna e altamente tecnológica, nos obrigamos a ter elevado desempenho, ser altamente produtivos, não falhar nunca e não parar jamais. Levamos tudo isso tão a sério que mal deixamos espaço para a espontaneidade e o bom humor em nossa vida, tornando-a sisuda e dramática.
A realidade que criamos nos desumaniza e "desumoriza". A todo instante estamos dizendo a nós mesmos coisas como: "A vida é dura. Preciso ser competitivo. Poucos conseguem chegar lá. É preciso lutar para ser feliz”. São pensamentos desse tipo que povoam o inconsciente coletivo, passando de pessoa para pessoa e de geração em geração, e se estabelecem como verdades imutáveis. Ah, lembrei de mais um: "É preciso sofrer na Terra para merecer o Paraíso".
Mas será mesmo isso que desejamos para nós? Não! O que queremos verdadeiramente é liberdade, satisfação, criatividade, prosperidade e prazer. Queremos ser felizes, e não só em uns poucos momentos da vida, mas a vida toda! Só que não acreditamos que isso seja possível. Seria “bom demais para ser verdade", certo?
O fato é que precisamos aprender a usar o poder do pensamento a nosso favor e a sermos capazes de criar a realidade que desejamos. Precisamos nos re-humanizar e re-humorizar. Para isso, são necessárias três coisas. A primeira é tomar consciência de nossas crenças, começando a escutar o que dizemos a nós mesmos. Além das crenças coletivas mais comuns como as que já citei (por falar nisso, lembrei de outra, "pau que nasce torto morre torto"), existem também as pessoais, que surgem da comparação com os modelos de sucesso que a sociedade impõe. Vêm dessa comparação auto-sugestões limitantes como "não tenho tanta competência como fulano", "meu carma é ser pobre" ou "não mereço ser bem-sucedido".
A segunda é começar a substituir crenças negativas por positivas como "mereço ser feliz", "a sorte está do meu lado", "sempre há uma solução para os problemas" ou "sou capaz disso". Como já comprovaram a Neurociência e a Programação Neurolingüística, nosso cérebro assimila tudo o que repetimos sistematicamente, seja certo ou errado, positivo ou negativo. Temos de fazer com que as auto-sugestões positivas entrem de uma vez em nossa cabeça, e um bom método para isso é escrevê-las em pedaços de papel e colocá-las em locais que vemos freqüentemente – como a agenda do trabalho, o painel do carro, a tela do computador, até mesmo o espelho do banheiro. Vale também reservar alguns minutos diários para repetir e repetir a sugestão que desejamos incorporar, até que ela seja definitivamente gravada no cérebro e torne-se parte do nosso comportamento.
Ao dizer coisas positivas, criamos um posicionamento e uma conduta positivos ao longo do tempo, e aí entra a terceira coisa: nos tornar capazes de interpretar os acontecimentos da vida de modo positivo. Como dizem os físicos quânticos, não há uma única realidade, mas múltiplas – tudo depende do ponto de vista de quem a observa. Uma demissão, o fim de um casamento, a falência de uma empresa, até mesmo a morte de alguém, tudo isso pode representar uma tragédia ou uma libertação. Sendo assim, podemos começar a olhar nossas dificuldades, perdas e problemas como eventos que podem nos trazer algo de bom, quem sabe uma mudança, a oportunidade de recomeçar ou a chance de tomar um rumo completamente diferente. Quando adotamos pensamentos e uma conduta positivos, somos capazes de olhar para nossos dramas e, em vez de nos desesperar, questionar: "O que eu tenho a aprender com isso?”
A substituição de crenças negativas por positivas pode muito mais do que mudar nossa realidade. Pode também nos humanizar, na medida em que saímos das crenças herdadas e comportamentos automáticos do inconsciente coletivo e assumimos, plenamente, o nosso poder criativo. E pode também nos "humorizar", pois uma pessoa capaz de criar a realidade que deseja viver tem motivos de sobra para viver bem-humorada.
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